Protagonismo feminino e sáfico
- Ingrid Gomm
- 30 de jun. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 17 de dez. de 2024

Olá, sou Ingrid Gomm, e hoje quero compartilhar uma experiência pessoal sobre a dificuldade de encontrar livros de fantasia com protagonismo sáfico na minha adolescência, por volta de 1998 até 2003. Crescendo, sempre amei histórias de fantasia, mas sentia falta de ver personagens como eu. Não me compreendia totalmente na adolescência, mas também não me sentia atraída por rapazes e sempre tinha a sensação de que "algo não estava certo". A representatividade nas leituras é fundamental, e a ausência dela me fez perceber o quanto é importante termos histórias diversificadas e inclusivas.
Naquela época, os livros de fantasia geralmente seguiam o roteiro clássico da "princesa que necessita de um príncipe". As protagonistas femininas raramente eram mostradas como independentes ou capazes de resolver seus problemas sozinhas. Isso criava uma narrativa limitada e repetitiva, onde o valor e a felicidade das personagens femininas estavam sempre atrelados a um salvador masculino.
Como uma jovem leitora, essa falta de representatividade foi desanimadora. Eu ansiava por histórias onde as heroínas não precisassem ser resgatadas, mas sim aquelas que enfrentavam os desafios de frente, se apoiando em sua própria força e, ocasionalmente, no suporte de amigos e familiares. Queria ver mulheres fortes, resilientes, que pudessem ser complexas e corajosas, e que também pudessem amar outras mulheres, por mais que ainda não tivesse clareza sobre quem eu iria amar.
A presença de protagonistas sáficas em histórias de fantasia vai além de preencher uma lacuna; é uma questão de validar experiências e fortalecer a autoconfiança das leitoras. Quando vemos personagens que refletem nossa realidade, que enfrentam e superam dificuldades, nos sentimos inspiradas e mais capazes de superar nossos próprios desafios. Essas histórias podem mostrar que, sim, é possível triunfar por conta própria, mas também que podemos contar com o apoio de familiares e amigos ao longo do caminho.
A mudança na narrativa de "princesa que necessita de um príncipe" para histórias de heroínas independentes é crucial. Essas novas histórias não apenas empoderam as mulheres, mas também desafiam os estereótipos e mostram que a força vem de dentro. As heroínas podem lutar, amar e triunfar, não por causa de um príncipe, mas por causa de sua própria coragem e determinação.
Escrever histórias com protagonismo feminino e sáfico é uma maneira de contribuir para essa mudança. Quero que minhas leitoras se vejam nas minhas personagens, que sintam que seus sonhos e suas lutas são válidos. Quero que saibam que não precisam de um príncipe para serem completas; elas podem ser suas próprias heroínas.
Com carinho,
Ingrid Gomm
Realmente, Ingrid... temos poucos materiais em literatura e produções audiovisuais que tragam protagonismo feminino sáfico. Você poderia fazer um post sobre indicações?