Por que precisamos de personagens femininas fortes na fantasia?
- Ingrid Gomm
- 9 de mai.
- 2 min de leitura
Atualizado: 9 de mai.

A época da minha infância em que mais li foi quando morava em Curitiba com minha mãe e minha avó. Passamos cinco anos lá. Durante esse período, a literatura foi minha melhor amiga, mas, nas histórias fantásticas que eu lia, as mulheres geralmente surgiam como apoio, recompensa ou símbolo de pureza. Eram as curandeiras dos grupos de heróis, as amantes dos mocinhos ou as princesas em apuros, incapazes de se salvar. E isso sempre me causou um enorme incômodo.
Personagens femininas como Éowyn, Xena, Ellen Ripley, Usagi Tsukino, Lara Croft e Umi Ryuuzaki (minha queridinha entre as Guerreiras Mágicas de Rayearth) eram exceções que me fascinavam, um respiro para quem buscava referências fortes, determinadas e imperfeitas.
Quando comecei a escrever A Ascensão, já sabia exatamente qual era o plano: mulheres no centro da ação, da dor, da ambição. Mulheres que erram, que lideram. Protagonistas falhas, capazes de oscilar entre determinação e insegurança, de lutar entre si e contra o mundo. Eu queria vê-las absolutas, donas de um protagonismo que, obviamente, é justo que tenham, não só na fantasia, mas em toda parte.
Nem toda personagem feminina precisa ser uma guerreira nata e traumatizada para se destacar, embora exista espaço para essas também. Personagens femininas fortes, para mim, são aquelas que têm vontade própria. Que tomam decisões — boas ou não — ou lutam pelo direito de tentar. Que moldam o enredo, em vez de serem apenas levadas por ele. Ser forte é ser complexa. É continuar mesmo quando se sente de pés e mãos atadas. Porque algumas das maiores batalhas travadas por mulheres acontecem em silêncio, enquanto nos debatemos dentro de nós mesmas contra tudo o que nos ensinaram a acreditar — e que nos diminui ou apaga.
Ainda precisamos dessas personagens. As que buscam seu lugar no mundo. As que ainda não conhecem suas potencialidades. As que esperneiam, as que fazem perguntas, as que se esforçam dia após dia, mesmo se sentindo insuficientes. Precisamos dessas personagens vencendo, porque muitas leitoras ainda se procuram nos livros e não se encontram. Ainda precisamos delas porque meninas e mulheres devem se ver como líderes, criadoras de mundos e protagonistas de suas próprias histórias.
A fantasia é um espelho e ele deve refletir tudo o que queremos ver. Nos mundos que eu crio, as mulheres vivem, lideram e transformam tudo ao redor.
E você? Quais personagens femininas te marcaram na fantasia? Compartilha comigo.
Com carinho,
Ingrid Gomm
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